O Picolé, em Cape Town. Foto de Maristela Colluci |
Em linha reta é uma travessia de 3.600 milhas náuticas, com
previsão de 26 dias para sua realização. O percurso, contudo, será mais longo,
podendo atingir até 5.000 milhas em função da parábola que o barco deverá
descrever na busca de ventos mais favoráveis.
No Atlântico Sul a presença do anti-ciclone tropical faz com
que a direção dos ventos e correntes aconteçam em sentido anti-horário. – são
descendentes na costa brasileira e ascendentes na costa africana, a famosa
Volta da África dos navegadores portugueses que, para cruzar o Cabo da Boa Esperança em direção às
Índias, se aproximavam do litoral brasileiro para contar com ventos mais
favoráveis.
Assim, a linha reta entre Cape Town e Ilhabela é uma rota bastante improvável para um veleiro, devido aos ventos e correntes contrárias. Certamente Betão e Igor terão ganhar altura na costa africana para encontrar ajuda de ventos e correntes favoráveis. Não foi por outra razão que na histórica travessia do Atlântico a remo, Amyr Klink optou por sair mais ao norte, da Namíbia, para chegar ao sul da Bahia. Transpostas as correntes costeiras africanas, sabia que os ventos e correntes inevitavelmente lhe trariam ao Brasil.
Mas o que chama mesmo atenção nas travessias de Betão e Bely é a paixão pelo catamarã sem cabine, onde os velejadores ficam permanentemente expostos aos elementos – sol, ondas, chuvas.”Velejar em barcos sem cabine já se tornou um hábito. Por isso, todas as viagens que tenho feito são em veleiros abertos” afirma Betão, que já está experimentado em travessias infinitamente mais difíceis do que esta a bordo de pequenos catamarãs. Mas não deixa ser, como observou o próprio Amyr Klink, algo como escalar o Everest de sandálias havaianas. “O Betão e o Igor são os únicos capazes a fazer isso”, afirma o navegador.
Você pode acompanhar o dia-a-dia da travessia no mapa interativo no link http://travessiadoatlantico.tumblr.com/mapa