Uma tragédia ambiental atinge os campos de petróleo do lago de Maracaibo, na Venezuela, que abriga as maiores reservas mundiais de hidrocarbonetos.
Vazamentos constantes de poços e oleodutos sem manutenção estão recobrindo o espelho d´água do lago com uma viscosa mancha de petróleo, que afeta toda a fauna marinha e a população local.
Apesar do nome, Maracaibo não é um lago, mas uma laguna que se liga ao mar por um estreito de 5,5 km de largura. Com 13,2 mil km2, ele é cerca de 1/3 maior que a Lagoa dos Patos, no RS. Sua água é salobra, devido aos vários rios que desaguam no lago. Sob seu leito, estão as maiores reservas de petróleo do mundo, estimadas em mais de 300 bilhões de barrís. Apenas como comparação, a Arábia Saudita vem em segundo lugar, com 266 bilhões de barrís.
Crise econômica aguda, queda na produção e nos preços e sanções dos Estados Unidos deixaram a estatal venezuelana, a PDVSA, sem meios para fazer uma manutenção adequada dos poços e dos milhares de quilômetros de dutos, um cenário inimaginável nos tempos áureos da produção venezuelana.
Hoje, o petróleo já impregnou todo o ecossistema de Maracaibo. Os pescadores que persistem vivem recobertos de óleo e usam gasolina como solvente para se lavar. Mais de 50% do que pescam é imediatamente descartado no lago por estar impregnado de petróleo. E mesmo o que aparentemente se salva, tem níveis altíssimos de contaminação – mas acaba sendo consumido assim mesmo.
Recentemente, o jornal britânico The Guardian publicou uma reportagem fotográfica do fotojornalista argentino, Rodrigo Abd. O resultado é assustador. Algumas das suas fotos estão reproduzidas aqui. Para ver o ensaio completo clique no link bit.ly/3fS1ics
A PDVSA não informa quanto óleo está vazando e não há, por ora, planos de contingência para mitigar o problema.
Maracaibo é um triste exemplo do que pode acontecer num campo de petróleo quando as coisas saem do controle. Um alerta para se ter em mente quando se discute a liberação da exploração em Abrolhos, no litoral da Bahia.
Não há como garantir que no futuro as condições de extração serão ideais.
