No Caribe, uma homenagem às vítimas do tráfico de escravos é atual como nunca

Dois assuntos que o acaso se incumbiu de ligar.

A crise humanitária dos refugiados no Mediterrâneo, que atinge níveis dramáticos e não dá sinais de melhoras (somente neste final de semana a Marinha Italiana resgatou 5.800 pessoas), faz ressurgir com força e atualidade o conjunto de esculturas do Moliner Underwater Sculpture Park, na ilha caribenha de Granada. 

O parque é um grande conjunto de esculturas submarinas criado a partir de 2006 pelo artista plástico inglês Jason deCaires Taylor, no leito do oceano da baia Moliner, no lado oeste da ilha de Granada. Instaladas a uma profundidade de quatro a doze metros, em um mar de águas cristalinas e abrigadas, podem ser visitadas com um simples mergulho livre.

São dezenas de imagens feitas em concreto, divididos em vários conjuntos, cada um deles compondo uma obra em separado. O inevitável processo de inscrutração e interação com a vida marinha faz parte da concepção da obra. 

A principal delas, Vicissitudes, é formada por um círculo de jovens de mãos dadas, mas que estão voltados para fora, mirando em direção às profundezas do mar.

Interpretada como uma homenagem aos milhares de escravos que morreram no mar, vítimas das condições degradantes dos navios negreiros, deCaires afirma que jamais teve essa intenção diretamente, mas se sente recompensado com essa leitura. “As vezes, o destino de uma obra excede a visão do seu criador”, afirma ele.

O que certamente deCaires jamais imaginou é que sua obra continuaria tão atual:em pleno século XXI, ela parece conter o grito silencioso dos refugiados do Mediterrâneo. 

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