Em Lanzarote, nas Ilhas Canárias, o novo museu submerso de Jason deCaires Taylor

A Balsa de Lampedusa, obra inaugural do Museu do Atlântico: retrato do drama dos refugiados
A Europa ganhar seu primeiro museu submarino, o Museu Atlântico, recém-instalado em Lanzarote, a mais oriental das ilhas do arquipélago das Canárias e último refúgio do célebre escritor português, José Saramago. 


Trata-se de um conjunto de esculturas em concreto (inicialmente sessenta, devendo chegar a trezentas até 2020) do célebre artista britânico Jason deCaires Taylor, representando desde prosaicas cenas do cotidiano até instalações que retratam o desespero dos refugiados , como é o caso da obra A balsa de Lampedusa, um bote com treze pessoas à bordo à deriva no Mediterrâneo, 

As obras de Taylor, que além de escultor é mergulhador, fotografo e naturalista, estão sendo cuidadosamente instaladas no leito arenoso do mar, em profundidades  que variam de 5 a 15 metros, propícias para serem observadas até mesmo em um simples mergulho livre.

Como qualquer outro substrato duro no fundo do oceano, as instalações do artista tendem a ser povoadas por vida marinha até se transformarem em recifes de corais. E é precisamente essa interação entre o universo dos sentimentos humanos e a vida marinha que o artista busca.

Taylor acompanha atentamente o crescimento de esponjas, corais, crustáceos e tudo o mais que se desenvolve à volta das suas obras, e, por vezes direciona seu crescimento para obter maiores efeitos dramáticos.

O Museu Atlântico é a mais recente das instalações de Taylor, que começou seu trabalho na baia Moliner, em Granada, no mar do Caribe, com a obra Vicissitudes, um círculo de jovens de mãos dadas que miram as profundezas do mar, do qual já falamos aqui, em maio de 2015.  Depois disso, criou o MUSA – Museu Subaquático de Arte, em Cancun, no México, que já conta com mais de 500 peças, uma imagem de Atlas sustentando os oceanos nas Bahamas (a maior escultura subaquática, com 40 ton), e,  mais recentemente, The Rising Tide, as marés crescentes representadas pelos quatro cavaleiros do apocalipse visíveis no Tâmisa apenas na maré baixa.

É uma obra surpreendente e impactante, constantemente em mutação, que merece ser conhecida. Vale uma visita ao site www.underwatersculpture.com, ou melhor ainda, um mergulho de fato nas obras do artista. 

Jason deCaires Taylor: esculturas em concreto para formar recifes de coral

Detalhe de Vicissitudes, já incrustrada por vida marinha