Próximo da extinção, atum-do-pacífico é disputado a preços estratosféricos

Mergulhador japonês captura exemplar em fazenda marinha: alternativa incipiente
Um único exemplar de atum-do-pacífico (Thunnus orientalis) pesando cerca de 200kg alcançou, no início deste ano, o preço de US$118,000 no tradicional leilão de abertura do Mercado Tsukiji, em Tóquio – algo como R$2.400 por quilo do peixe inteiro.

A espécie fornece o sushi otoro mais apreciado e valorizado pelos japoneses, que irão pagar centenas de dólares nos restaurantes pelo privilégio de degustar a carne oleosa e marmorizada extraída preferencialmente do primeiro quarto da barriga do peixe, a partir da cabeça.

A paixão japonesa pelo otoro do blue-fin-tunna despertou o apetite dos emergentes da China e do sudeste asiático, apressando a situação crítica da espécie.

Encontrado principalmente em águas temperadas do Pacífico norte, o atum-do-pacífico atinge a maturidade aos cinco anos e tem uma longevidade estimada entre 15-26 anos, podendo atingir cerca de 450kg.

Cientistas estimam que sua população foi reduzida em 96% ao longo de um século de sobrepesca. Hoje a espécie está classificada como vulnerável pela IUCN – União Internacional para a Conservação da Natureza, que considera sua extinção inevitável se não forem tomadas medidas drásticas para sua preservação.

Apesar dos governos assegurarem que as medidas de manejo estão sendo implementadas, a realidade é que o atum está cada vez mais raro e, consequentemente, mais caro. Com a população dizimada para meros 4%, o preço do atum nos leilões continuam subindo, em função da sua raridade.

É o mecanismo perverso do mercado que mantém a lucratividade da atividade pesqueira e da rede de consumo via aumento de preços, mesmo que não se capturem mais peixes.

O último atum certamente custará milhões de dólares, que serão pagos por milionários ávidos pelo privilégio de extinguir a espécie. 

Kiyoshi Kimura, dono da rede de restaurantes Sushi Zanmai e o seu troféu.