Corrida contra o tempo: sobrepesca x áreas de conservação marinha

Para quem acompanha o assunto de perto, é assustadora a quantidade contínua de más notícias sobre a desertificação dos oceanos. A sobrepesca, isto é, a pesca além de limites que permitam a recomposição dos cardumes, é uma realidade alarmante, quase no ponto de não retorno.

Estamos extraindo dos mares muito mais do que ele é capaz de repor.

Mas, ao mesmo tempo, a boa notícia:  nunca foi tão intensa a criação de áreas de proteção marinha como agora.

Apenas para dar alguns exemplos, recentemente abordamos aqui a criação da reserva marinha nas ilhas Pitcairn, pelo Reino Unido ; nos EUA, o governo Obama acaba de duplicar a reserva marinha da costa da Califórnia, em direção a San Francisco, uma área estratégica para a vida marinha, além de já ter anunciado a intenção de expandir a atual reserva nas Ilhas Remotas do Pacífico para uma área equivalente a duas vezes o estado do Texas.

Austrália, Moçambique, Kiribati, Palau, Cook Islands, Bahamas, em todo o planeta surgem novas iniciativas.

Estas áreas de proteção tem um efeito fantástico na recomposição dos cardumes e, mais do que preservar o meio ambiente,  podem ser a solução para reverter o declínio da atividade pesqueira, pelo chamado efeito spilover.

Está comprovado que, ao proibir a pesca em uma determinada região, as espécies passam a se reproduzir livremente até o ponto de haver superpopulação na área protegida, o que força o excedente a migrar em busca de alimento.

Esse efeito garante, em um futuro não muito distante, uma maior produtividade para a indústria da pesca, de forma sustentável, desde que não se invadam as áreas de reserva.

Um singelo mas muito bem feito vídeo dos alunos do curso de Comunicação Visual da UFRJ  mostra como funciona este mecanismo.

Vivemos até hoje com a convicção de que os oceanos são uma fonte inesgotável de recursos. A má notícia: não são. A boa: dá para fazer alguma coisa em busca de um equilíbrio sustentável.