Uma orca e seu filhote nascido por inseminação articial no SeaWorld: última geração a participar dos shows. |
O SeaWorld anunciou na última quinta-feira, 17 de março, a suspensão do seu programa de reprodução de orcas em cativeiro, o que significa que atual geração de animais em exibição dos seus parques aquáticos é a última e que a atividade deve cessar já no próximo ano em San Diego e em San Antonio e Orlando até 2019.
Trata-se, sem dúvida, de uma retumbante vitória das organizações de
proteção da vida animal, e em especial de John Hargrove, um ex-treinador que
trabalhou durante 14 anos nos parques aquáticos da Califórnia e do Texas, e que
há quatro anos vinha denunciando as condições e técnicas de treinamento dos
animais e liderando a campanha contra a exibição acrobática das orcas em
cativeiro.
A decisão é o desfecho de uma crise que começou com a morte da treinadora
Dawn Brancheau em 2010, vítima de um ataque de uma orca chamada Tilikum, que
tornou pública condição de stress a que estão submetidas as orcas no SeaWorld.
Em 2013, houve o lançamento do documentário Blackfish, severamente crítico ao
parque marinho. Desde então, público e valor das ações em bolsa do SeaWorld
vinham despencando vertiginosamente.
O SeaWorld, agora, está diante do desafio de ser reinventar para seguir
como o principal parque marinho dos EUA, e nisto tanto John Hargrove como o CEO
da empresa, Joel Manby, parecem
concordar.
“O SeaWorld pode se transformar num grande parque temático sobre vida
marinha, do tipo Universal Studios”,
comentou Hargrove, enquanto Manby declarou ao jornal Los Angeles Times
que “a atitude do público sobre as
orcas mudou drasticamente e que a decisão da empresa é a de abandonar os
espetáculos acrobáticos e
concentrar-se em novos, inspiradores e naturais encontros com as orcas”.
Equivocadamente conhecidas como “baleias assassinas” as orcas (Orcinus orca), não são baleias (fazem parte da família dos
golfinhos, os Delphinidae) e nem são
particularmente mais sanguinárias do que qualquer outro carnívoro, Homo sapiens incluído. É um animal
singular, soberbo, encontrado em
todos os oceanos (é o segundo mamífero com de maior distribuição geográfica no
planeta, logo depois dos humanos), extremamente sociáveis (vivem em grandes
grupos familiares) e inteligentes. Podem atingir até 10 m de comprimento e peso
de 10 ton.
Não cabem em um aquário.
A morte da treinadora Dawn Brancheau em 2010 desencadeou a crise cujo desfecho acontece agora |