Reino Unido cria a maior reserva marinha do mundo no refúgio dos amotinados do Bounty

Adamstown, com população fixa de 54 habitantes, todos descendentes dos amotinados do Bounty, é o único povoado da região e é considerada a menor capital do mundo.

O Reino Unido acaba de anunciar a criação da maior reserva marinha do mundo, uma área de 830 mil km2 (tamanho equivalente aos estados de São Paulo e Minas Gerais somados), em torno das remotas ilhas Pitcairn, Território Britânico Ultramarino na Polinésia,  no Pacífico Sul.

Pelo decreto do governo britânico, ficam proibidas na área a pesca e a exploração de recursos naturais, a prospecção de petróleo, a mineração e quaisquer outras atividades humanas, exceção feita aos 54 habitantes de Adamstown, único povoado do arquipélago, formado por descendentes dos amotinados do célebre HMS Bounty, que se refugiaram na ilha em 1790, quando eram caçados pela Marinha Inglesa no Pacífico.

O Bounty, para quem não se lembra da história, foi um dos mais espetaculares motins a bordo da Marinha Inglesa e deu margem a uma das maiores façanhas náuticas de todos os tempos. 
Comandado pelo cruel e impiedoso capitão William Bligh, o Bounty estava em missão na Polinésia para recolher mudas de fruta-pão. Na volta, depois de uma paradisíaca temporada no Tahiti, a tripulação, liderada por Fletcher Christian, se amotinou contra os castigos corporais e a rígida disciplina de bordo, imposta pelo capitão.
Bligh foi, então, colocado numa baleeira com parte da tripulação que não havia se amotinado e, com poucos suprimentos, abandonado à própria sorte em meio ao Oceano Pacífico.
Exímio navegador, com apenas um sextante e um relógio de bolso, Bligh conseguiu o impossível:  sobreviver.  Navegou mais de 3.000 milhas náuticas em 48 dias, até o atual Timor Leste, na época uma colônia holandesa. Dalí, regressou à Inglaterra, onde apresentou queixa contra Fletcher e os amotinados, que passaram a ser impiedosamente caçados pela Marinha Britânica.
Sabendo que seriam perseguidos, Fletcher levou o Bounty para a ilha Pitcairn, não sem antes ter passado novamente no Tahiti para recolher as mulheres que os marinheiros haviam conhecido na sua passagem pela ilha. Para não serem localizados, o navio foi destruído e sua madeira transformada nas primeiras casas de Adamstown. Somente 24 anos mais tarde foram encontrados por duas fragatas inglesas, que permitiu que os sobreviventes continuassem na ilha.
Grandes nomes como Júlio Verne, Mark Twain, Charles Bernard Nordhoff e James Norman Hall escreveram sobre o episódio, que teve nada menos do que quatro versões filmadas para o cinema por Hollywood, a última estrelada por Anthony Hopkins e Mel Gibson.
 A criação desta reserva é de grande importância para a pesquisa científica por que permitirá estudar comparativamente a outras áreas os impactos das atividades humanas sobre os oceanos.  

O momento da infâmia, quando o Capitão Bligh e os marinheiros não amotinados são desembarcados do Bounty