Dia do caçador: Sea Shepherd faz acordo e paga multa milonária aos baleeiros japoneses

Militantes do Sea Shepherd abordam baleeiro japonês na Antártica: confronto direto proibido.

Foto Sipa/Rex Shutterstock
Vejam que notícia mais insólita: o Sea Shepherd Conservation Society, a ONG fundada por Paul Watson que se notabilizou por perseguir barcos baleeiros na Antártica durante o horário nobre do Animal Planet,  acaba de fazer um acordo em um tribunal de Nova York para pagar uma multa de US$2,55 milhões – algo como R$8 milhões – para os dois principais “institutos de pesquisa” japoneses, o Instituto de Pesquisa de Cetáceos e o Kyodo Senpaku.

O acordo livra o Sea Sepherd de uma multa ainda maior por ter desrespeitado uma liminar de 2012 que proibia ataques físicos aos navios baleeiros japoneses e que estabelecia uma distância mínima de 457m (1/4 de milha náutica) entre os barcos. Em 2013 o Sea Sephered ignorou ordem e continuou com sua estratégia de confronto direto com os baleeiros. 
O Sea Shepherd pega pesado nos ataques físicos, colocando muitas vezes em risco barcos e tripulações, principalmente pelo recurso empregado de soltar cabos para enroscar e paralisar os hélices dos baleeiros japoneses. Bloquear a propulsão e deixar um navio à deriva nos mares gelados da Antártica, convenhamos, excede qualquer limite do razoável. Daí a proibição de confronto físico e a multa por desrespeito.
O que é incompreensível é que esta multa vá abastecer o caixa das organizações baleeiras japonesas no momento em que foram formalmente proibidas pelo Tribunal Internacional de Justiça da ONU a cancelar a temporada de caça do verão de 2014/2015. Por que não direcionar esta verba para entidades conservacionistas?
O Tribunal reconheceu que a “pesquisa científica” japonesa é uma caça comercial disfarçada de ciência, apesar dos argumentos de Tóquio de que para estudar o tamanho e o estado de saúde das populações precisa abater as baleias para verificar o conteúdo dos seus estômagos e analisar órgãos internos. 

Cinicamente, não falam nada sobre o fato da carne de baleia ir diretamente para os açougues e que há como obter estas informações sem necessidade do abate. E mais, depois de 30 anos de “pesquisa científica” na Antártica, nenhum resultado relevante foi produzido.